sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um basta ao crack

Em meio aos tradicionais bonecos gigantes e ao som do frevo, integrantes do Força Jovem Brasil tomam as ladeiras históricas de Olinda (PE) em passeata contra as drogas


Por Pedro Henrique Cunha / Fotos: Jacqueline Calazans
redacao@arcauniversal.com

Jovens da Igreja Universal tomaram as ladeiras históricas de Olinda (PE), no último dia 2, com o objetivo de levantar uma bandeira de alerta contra as drogas. Para tanto, eles promoveram uma passeata, em direção à prefeitura da cidade, cujo lema era "Crack, tire essa pedra do seu caminho". O evento, que ocorreu em meio a bonecos gigantes e orquestra de frevo,  foi uma iniciativa do Força Jovem Brasil de Pernambuco, em parceria com o projeto Dose Mais Forte, que leva prevenção e recuperação a jovens usuários de drogas. Os voluntários são membros da IURD.

Debaixo de um calor de 30 graus, jovens uniformizados com o slogan da campanha estampado nas camisetas e munidos de folhetos informativos e faixas de ex-usuários de crack despertaram a curiosidade de comerciantes, motoristas e pedestres que circulavam pelas ruas. A moradora Laís Ferreira, de 32 anos, elogiou a campanha desenvolvida pelo Força Jovem Brasil. "Todos deveriam fazer algo para ajudar a combater essa droga que está acabando com muitas vidas. É importante que as pessoas que são viciadas nessa substância, acreditem que vão sair dessa situação. Existe solução", disse.

O objetivo de iniciativas como essas, segundo o coordenador do FJB no Estado, pastor Kleber de Souza, é mostrar aos jovens a importância de viver bem em sociedade. Para ele, passar a mensagem contra as drogas e a criminalidade é o propósito principal. "Mais do que a alegria pelos momentos que transmitimos aqui, queremos que os jovens se conscientizem dos males que o uso de entorpecentes pode causar e do caminho feliz que podem trilhar longe dessas substâncias que tanto têm destruído vidas", afirmou. 

"Enquanto muitos param e acabam tratando o dependente químico como um caso perdido, o FJB continua levando conscientização e mostrando que existe, sim, uma saída para o usuário de drogas. É por isso que hoje estamos reunidos para dizer: 'Crack, tire essa pedra do seu caminho'".

Durante a caminhada, foram percorridos vários pontos históricos da cidade, a exemplo do Alto da Sé, de onde a vista é privilegiada e perfeita para contemplar o pôr do sol. No local, voluntários do projeto Cultura apresentaram danças, despertando a atenção de quem passava por ali.

Exemplos de superação

O evento também contou com a participação de ex-viciados, hoje recuperados por meio do trabalho feito pelo Força Jovem. Para o voluntário da ação Almir Calazans (foto ao lado), a iniciativa do FJB serve de estímulo para que os governantes também invistam mais em programas de combate ao vício. "A juventude mostrou, neste evento, a força contra esse mal. Nós acreditamos que existe uma dose mais forte que o crack: é o Senhor Jesus", salienta. Almir contou como se libertou  do vício das drogas, após 20 anos de sofrimento.

Aos 16 anos, para agradar os amigos e manter uma posição de respeito dentro da turma, Almir começou a usar maconha, crack, chá de cogumelo e lança-perfume. O uso esporádico foi se tornando cada vez mais constante e quando ele se deu conta já era um dependente.  Para se afastar das más companhias, ele se mudou para casas de familiares em outros estados e até para fora do País. Para ele, a estratégia foi em vão, pois só contribuiu para que se viciasse ainda mais. "Em vez de melhorar, piorou, pois meus familiares não tinham controle sobre mim. Me sentia livre para me drogar sem preocupações", relata Calazans.

Outro jovem que se libertou dos vícios através do trabalho desenvolvido pelo grupo foi Carlos Alberto, de 28 anos, que também participou do evento. Ele fez questão de comprovar a eficácia de ações como essa.  Carlos conta que, quando usava droga, se sentia encorajado a ter atitudes que não tinha quando sóbrio. Sem o conhecimento da família, pegava dinheiro escondido para sustentar o vício e, apesar dos conselhos dos pais para que ele parasse com o uso da maconha, a dependência se intensificou. "Foi aí que não encontrei mais forças para me livrar do vício", afirma, lembrando que chegou a ponto de fumar 8 cigarros de maconha por dia, até ser preso com um vidro de lança-perfume no colégio, quando foi levado pela família a uma clínica de reabilitação. "Passei dez meses na clínica, pensava que estava livre, mas, quando vi, estava preso aos vícios de novo", lembra.

Cumprindo mais uma vez sua missão, o Força Jovem Brasil deixou no centro histórico de Olinda seu rastro de prevenção, recuperação e esperança incorporado à cidade e, contrariando o poeta, não haverá mais uma pedra no caminho de milhares de jovens.

Fonte: arcauniversal

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